sexta-feira, outubro 13, 2006

Mais uma boca

Com tanta polémica nos comentários do post anterior, e com o Orçamento de Estado a ser apresentado já na segunda-feira, gostaria de colocar mais uma acha na fogueira.
O Ministro da saúde António Correia de Campos foi ontem à TV, anunciar, entre muitas coisas, a taxa moderadora para os internamentos, que serão pagos até ao máximo de 14 dias, com o valor máximo de 5€.
Eu estive a fazer contas, e um solteiro que ganhe um ordenado bruto de 600€, leva para casa aí uns 570€. Se tiver uma casa arrendada por um valor de 250€ (barata), a despesa para a despensa será nunca inferior a 100€, a electricidade 20€ (sem contar com o aumento de 15% a 17% orçamentado para 2007 no OE), a água a 10€, o gás 25€, e se não tiver carro, tem um passe social que lhe custará 30€. No fim disto tudo fica com 135€ para alguma outra despesa como por exemplo café, tabaco, roupa, sapatos, etc.
Se lhe acontece um azar na vida, e for internado por 14 dias, e como tem um ordenado de 600€, muito superior ao ordenado mínimo nacional (risos), pagará 70€.
Nesta altura, se não fuma, não bebe café e não comprar roupa nova ou sapatos, terá um saldo positivo de 65€, no entanto depois de um internamento, terá medicação pelo menos durante mais um mês, mas terá de comprar os medicamentos no mês corrente, que lhe custará nunca menos de 60€.
Conclusão:
Se ganhas 600€, não te preocupes, pois és um privilegiado, aliás, segundo o governo, és praticamente rico, e pagas pela medida grossa. Se usares óculos, como eu, o melhor é continuares a fazer um esforço para ler as legendas, porque vais ter de amealhar durante mais uns meses, para puderes mudar de lentes. Dentista, só lá para meados de 2007, quando já não tiveres nenhum dente que se aproveite.
Já agora quem ganha 600€, não pudera ler este post, porque ter Internet, é um luxo só acessível a milionários.
Bom fim de semana.

9 comentários:

Rosa dos Ventos disse...

Cuida-te, rapaz!
Se a vida não está boa para os saudáveis imagina os doentes.
Ontem dei ao oftomologista 55 euros pela consulta e ainda não chegaram as lentes.

Anónimo disse...

Olá.Eu pertenço a esse grupo,e tenho andado um pouco triztinha a pensar o q s
erá de mim....!
Beijinhos

Rosa dos Ventos disse...

As lentes continuam sem chegar e estou tão necessitada delas que até escrevi mal oftalmologista!
Desculpem lá a quem vê mal!

gAz disse...

Eu não percebo nada disto, mas ainda assim acho que a despesa de 100 € para a dispensa, olha lá, um gajo pode ser magro, mas a comer assim tão pouco desaparece (acho eu).
Acho que sim, mas em Portugal já todos sabemos o que é, um país onde só se fores rico é que te safas, esta malta da politica rouba o que quer, cobra o que quer, e os outros que se lixem, mas coitados, quando a malta fala em 600 € eles pensam em 600 contos (ainda pensam na moeda antiga), eu também gostava de ser assim.
Bem mas como dizia o outro, antes melhor que assim, mas antes assim que pior.
Um abraço

Anónimo disse...

nao sei quem e esta personagem....mas quanta lamentaçao
eunao tenho direito ha ADSE e por um par de oculos pago muito mais deve ser culpa do sistema !!!

Anónimo disse...

Todos falam mal dos políticos, mas todos querem ir para o poleiro.

O que este país merecia é que algun ideólogos e líricos que por aí andam fossem para o poder 3 anos.

Colocavam o salário mínimo nacional a 500 €, baixavam o IRS para 5%, com isenção para as classes que actualmente pagam 25%, aumentava para 60% as classes que agora pagam 42%.

E mais, as empresas passavam a pagar todas 50% de IRC. e os bancos idem.

A semana de trabalho passava para 30 horas, não se trabalhando à 6.ª-feira. Quem passa a decidir as grandes linhas de direcção das grandes empresas são as comissões de trabalhadores.

Depois desta e de outras amostras, gostava de ver como ficava o país.

Depois, quem é que pagará as despesas? O estado abria falência, quando já não houvesse indústria ou empresários e já nem sequer haveria leite para os políticos e outros andarem a "mamar na teta"?

gAz disse...

Era uma sorte que se acabasse a mama

Ricardini disse...

Ó senhor!!! (anonymous), ninguém quer que isso aconteça, se não colocaríamos lá, não o bloco de esquerda, mas o MRPP, ou pior. O que não aceitamos são injustiças, principalmente sociais. Todos concordamos que a situação como estava não era sustentavel, mas podemos ir por outros caminhos menos penosos para aqueles que têm uma vida, que já por si só é penosa.
Eu, até sou a favor de um aumento no rendimento dos politicos, para atraír pessoas competentes. Porque gente imcompetente, e oportunista está a politica cheia, e com a vinda de gente trabalhadora e competente que dê o exemplo, começava-se a separar o trigo do joio. Mas antes desta medida o governo terá de fazer uma limpeza muito grande na Administração Publica, o peso dos ordenados é de 85%. Como é que pode!?

Anónimo disse...

Ricardini,

Eu também concordo consigo. O povo já está esticado ao máximo. E a corda do governo ainda tem algumas voltas para dar. Só em 2008 é que se vai soltar um bocado.

Mas, como é que se faz uma limpeza na administração pública? É que, a administração pública é, por definição, o povo.

Não se pode chegar à administração pública e despedir pessoas.

E mesmo que se pudesse, onde é que se corta?

Na saúde? Mas se nós precisamos é de mais médicos e enfermeiros!

Na defesa? Não pode ser. Um país necessita de um mínimo de efectivos nas forças armadas.

Na educação? Aí, talvez. Há professores com horário 0. Mas, e as escolas onde faltam professores? E, cortando nos professores, quem dá aulas aos alunos?

Na justiça? Temos falta de juízes e de inspectores da PJ. Os tribunais estão a abarrotar de processos. Há funcionários de justiça a menos...

Noutros serviços públicos, como conservatórios, finanças, etc.? Já todos fomos e a esses serviços e a qualidade deixa muito a desejar. Há sempre um funcionário para montes de cidadãos. E agora imaginemos que se cortava em metade desses funcionários?

Como vê, é muito difícil começar a cortar numa ponta. Todos sabem quais são os problemas do pais (são pacíficos, a não ser para o PCP), mas mudá-los, sem ir contra a lei, contra a vontade do povo, tendo de ganhar eleições pelo meio e tendo de aturar as oposições hipócritas é que não é fácil...

Mas continuo na minha. Parece-me que agora, aos poucos, há sinais que vamos começar a sair desta "bandalheira"...

Um abraço
An