Numa das suas últimas crónicas no DN, o Professor César das Neves falava do actual estado do jornalismo, da forma como faz e desfaz poderes, promove e derruba personalidades, decreta juízos e recebe vassalagem de todos os interesses. Se há coisa que a nossa imprensa tem pouco é informação. Prefere a análise, intriga, provocação, boato, emoção, combate, mas sempre com pouca informação.
O público não quer jornalismo, quer entretenimento. E aqui a culpa não é só da imprensa, também será com certeza do público, mas não terá a imprensa maior responsabilidade?
Assiste-se a uma verdadeira caça ao deslize, aliás relatar o sucedido é o que menos interessa. É curioso que a imprensa, sendo tão opinativa, não assuma directamente as suas influências políticas. Não seria mais justo irmos a uma banca de jornais e sabermos o que estamos a comprar? Em Espanha é assim, os principais jornais estão perfeitamente assumidos no que respeita a orientações políticas. Tudo fica mais claro. Mas aqui preferimos andar com os joguinhos de tentar agradar a todos e não ferir susceptibilidades. O que ganhamos com isso? Descredibilização!
Utilizando o exemplo do Professor César das Neves:O actual Governo goza de clara benevolência jornalística. Apesar da contestação e das habituais "gafes, o tratamento não se compara com o dos antecessores. Por outro lado a imprensa já decidiu que Manuela Ferreira Leite não tem hipóteses. Não interessa o que pensa ou propõe, apenas que não sabe lidar com os media, o pecado supremo. Para a imprensa o Bloco de Esquerda é sempre fresco e interessante, por muitos chavões bafientos que repita, enquanto o PCP ou PP são desprezados, por vezes sem disfarce.
Existirá com certeza muita gente honesta e bem intencionada no jornalismo, mas é evidente que a imprensa tem hoje uma má imagem, faz falta uma imprensa verdadeira, objectiva, respeitada e idónea.
Depois admirem-se...
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